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Tambaú, SP, terra do Padre Donizetti

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Por Thiago de Menezes *

Na década de 1950, a pequena cidade de Tambaú, localizada no interior de São Paulo ficou conhecida mundialmente em virtude dos milagres atribuídos ao sacerdote brasileiro Padre Donizetti, os quais ainda acontecem, foi quando o mesmo levou a fama de santidade. Os milagres que o Padre Donizetti Tavares de Lima realizava extrapolaram os limites do pequeno município da região de Ribeirão Preto que hoje conta com cerca de 24 mil habitantes. Aproximadamente 40 mil visitantes chegavam todos os dias à cidade. Após mais de 50 anos de sua morte, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, ainda continua recebendo os fiéis romeiros que vêm de todos os cantos do nosso país para invocar a intercessão de Padre Donizetti, fazendo a cidade muito visitada assim como Aparecida do Norte com Nossa Senhora, Baependi com Nhá Chica, Maracaí com o ‘menino da tábua’ e Bom Jesus do Pirapora, onde o turismo religioso predomina.

Igreja de Santo Antônio de Tambaú, SP, conhecida como a “cidade da cerâmica”

O município pertence à Diocese de São João da Boa Vista e seu acesso rodoviário é feito via SP 330 – Via Anhanguera SP 332 – Rod. Padre Donizetti, lembrando que Tambaú está pertinho de cidades como Santa Cruz das Palmeiras, Pirassununga, Porto Ferreira e Santa Rita Passa Quatro, terra do compositor Zequinha de Abreu.

Santuário Nossa Senhora de Aparecida exalta a padroeira do Brasil e atrai religiosos de várias partes do Brasil

Tambaú é nome de origem Tupi que quer dizer “Rio das Conchas” (Tamba-hy-rio das conchas ou dos mariscos). Tal designação foi consequência da identificação com que os índios nomeavam os lugares onde habitavam ou tinham sua região de caça ou pesca. O nome rio Tambaú adveio de tais circunstâncias de toda a extensão onde se localiza. O município de Tambaú seria um vasto campo de caça de alguma tribo. Objetos indígenas encontrados em locais da zona rural (pontas de lanças ou flechas, machadinhas, mão de pilão, e outros) confirmam essa hipótese, assim como as “conchinhas bivalves”, encontradas no leito arenoso do córrego Tambaú.

Fundada em 27 de julho de 1886, foi elevada à condição de município em 20 de agosto de 1898. Seu desenvolvimento econômico teve inicialmente contribuição da monocultura da cana, a qual foi substituída pela monocultura do café. As lavouras de café foram se expandindo pelo sertão à dentro a custa das matas dizimadas. A Companhia Mogyana de estrada de ferro, acompanhou este surto atingindo finalmente Tambaú. O ciclo do café permaneceu propiciando grandes fortunas, e Tambaú se beneficiou deste surto. Como Tambaú, outras cidades cresceram ao redor da “Estrada do café”.

Mausoléu do sacerdote conhecido como o “padre milagroso” preserva sua memória no cemitério municipal local.

Mas foi a presença do Padre Donizetti que transformou o local num fenômeno sócio religioso importante. Religioso austero, ele não permitia que os tambauenses comemorassem o carnaval. Amigo das crianças, patrono dos pobres, o padre mineiro natural de Santa Rita de Cássia, nasceu a 03 de janeiro de 1882. Passou os últimos 35 anos de sua vida em Tambaú, aonde veio a falecer a 16 de junho de 1961. Comenta-se que o padre ganhou fama quando curou as pernas cheias de feridas de um vendedor ambulante de vinho. O homem tratou de contar o milagre que o padre realizou para os comerciantes das cidades vizinhas, e em poucos dias os romeiros começavam a chegar a Tambaú para receber as bênçãos do padre taumaturgo. No dia 16 de março de 1997 foi aberto o PROCESSO DE BEATIFICAÇÃO do Padre Donizetti Tavares de Lima. Os fiéis de Tambaú comemoraram desde o começo de abril de 2019, o reconhecimento de um dos milagres realizado pela intercessão do Padre Donizetti. O Papa Francisco aprovou o decreto e agora o venerável de Deus pode ser beatificado.

As histórias e estórias dos milagres do Padre Donizetti povoam o imaginário dos habitantes da cidade. Dizem que o menino Edson Arantes do Nascimento, o PELÉ, esteve na cidade em 1955. Acompanhava o seu pai na praça lotada de romeiros que ouviram o sermão do padre quando ele disse que “há aqui um menino acompanhado de seu pai que um dia se tornará um atleta não só conhecido no País como no mundo”. Outra história, porém, confirmada pelo próprio protagonista, é a do conhecido jornalista e economista da Rede Bandeirantes Joelmir Betting, que natural de Tambaú, foi coroinha do Padre Donizetti, seu guia espiritual. Depois de tomarem sopa de quiabos na Casa Paroquial, o padre pegou a mão do garoto e juntos rezaram um Pai Nosso em voz alta. Nunca mais o futuro jornalista gaguejou e pode, finalmente, ser aceito na escola, a qual o recusava por causa da gagueira.

Casa Museu Do Padre Donizetti

Ele morreu em 1961, mas a cidade continua recebendo os seus devotos que ainda visitam a Casa dos Milagres (onde ele morou), o Santuário Nossa Senhora Aparecida e o jazigo onde ele está enterrado. A cidade recebe no mês de junho, falecimento do Padre Donizetti, cerca de 40.000 romeiros e 4.000 todos os finais de semana, pessoas que vão orar e participar da famosa ‘MARCHA DA FÉ’.

Visite Tambaú e seu Santuário mais o Museu Histórico “Ernesto Ricciardi” (foto acima) e o Santuário do saudoso Padre Donizetti, cenário de um dos maiores fenômenos sócio religioso do país e descubra mais sobre o “Padre milagroso”.

 

• Thiago Galenbeck Gagliardi de Menezes é Adido de Imprensa, jornalista e escritor especializado em Turismo e credenciado pela EMBRATUR; Medalha ‘Hipólito da Costa, Patrono da Imprensa Brasileira’, da Ordem dos Jornalistas do Brasil, outorgado pelo Presidente José Fernando Salgado. Membro da AIERJ, da Academia Carioca de Letras (correspondente), UBE – RJ e ACONBRAS – Associação dos Cônsules no Brasil.

Contato: menezes.turismo@gmail.com